quinta-feira, 22 de julho de 2010

Pós Copa

Gostaria de acreditar que o resultado da Copa do Mundo Fifa 2010 para a África do Sul foi o mesmo do proclamado no filme Invictus - que fala sobre outro mundial sediado em terras sul africanas, o de rugby de 1995. Infelizmente, nem mesmo o final otimista dos cinemas equivalia à realidade do país após os Springboks levarem o título, como já disse em um post escrito para o Rola Blog.

No caso do evento desse ano, muitos já previam que os benefícios seriam muito menores. A jornalista Daniela Pinheiro, da Piauí, escreveu uma matéria para a revista nº 44 comentando exatamente isso. Segundo ela, as exigências descabidas da Fifa resultariam em gastos imensos para o governo da África do Sul e em quase nenhum retorno turístico, diferente das expectativas do país quando se candidatou a sede.

Quanto à discriminação racial, parece que atrair os holofotes da mídia mundial durante o evento esportivo não foi suficiente. Apesar da imprensa condenar e contar como o país ainda é dividido, pelos relatos que li e ouvi, muito pouco ou nada mudou. Vários tipos de ódio "inter-racial" - entre aspas porque a ciência já nos revelou que não existem raças humanas, apesar de isso ainda ser amplamente utilizado em pesquisas de recensemento e em políticas de cotas em universidades no Brasil - ainda estão presentes no país.

Segundo depoimentos de quem mora lá e convive com a população branca, o apartheid é lembrado com saudosismo por muitos. E os argumentos são os de que a violência cresceu a níveis apavorantes após o fim do regime segregacionista. Lógico que essas pessoas se referem à violência dirigida contra eles, já que antes eram somente os negros quem estavam sujeitos a vários tipos de violência - física, moral, social. Ainda asssim, a permanência de pensamentos desse tipo parecem abalar uma possível convivência entre negros e brancos.

E o jornalista Fábio Zanini, da Folha, conta em seu blog que boatos de outra onda de ódio contra imigrantes de outros países africanos ameaça a "paz" da África do Sul.

Por enquanto, acompanho o relato de quem está por lá. Em breve, espero ter meu próprio olhar e, quem sabe, até poder falar sem esse tipo de julgamento, entendendo a realidade sul africana segundo os olhos de seus habitantes.

3 comentários:

Anônimo disse...

ei dináise,

assisti neste fim de semana à palestra de um jornalista que esteve na áfrica pra copa (manoel soares, da rbs/porto alegre) e ele disse coisas interessants sobre o apartheid - segundo ele, mais vivo que nunca.

ele fez uma cobertura não dos jogos em si, mas de uma áfrica do sul 'paralela', sabe. segundo ele mesmo, um jornalismo 'antropológico'. ele mostrou uns vídeos pra gente, e é bem interessante. de repente cê acha algo na internet. pode te ajudar!

beijo!

tz

Unknown disse...

QUASE NEM UM RETORNO TURISTICO?VC TA DE BRINCADEIRA NEH?A AFRICA DO SUL VIVE CHEIA DE TURISTAS O ANO TODO.JUNHO E JULHO SAO OS MESES QUE MENOS TEM TURISTA PQ É MUITO FRIO E O FRIO ATRAPALHA NA MAIORIA DAS ROTAS TURISTICAS.COMO O SAFARII.MESMO COM O FRIO MILHARES DE PESSOAS VAO PARA AFRICA DO SUL NESSA ÉPOCA DO ANO SIM.O TURISMO DE LUXO NA AFRICA DO SUL É O MAIS FAMOSO DO MUNDO.todo MUNDO SONHA EM SE HOSPODAR EM UM the palace hotel DA VIDA,SE LIGA,PROCURE ESCREVER COISAS REAIS.E NAO COISAS QUE VC IMAGINA.............QANTO AO apartheid .VC ESTA CORRETA.O apartheid ESTÁ PRESENTE SIM.MAIS ISSO É UM REFLEXO,O POVO SUL AFRICANO NAO TENTA ESQECER SUA HISTORIA,PELO CONTRARIO.LEMBRAM SIM.E VAO CONTINUAR LEMBRANDO A FASE TRISTE DA RSA PARA MOSTRAR PARA O MUNDO.QUE OS SUL AFRICANOS FIZERAM A MAIOR MUDANÇA DO MUNDO,ELES VIVERAM ALGO QUE JA MAIS ACONTECERÁ DINOVO,LUTARAM SIM,HJ SE ORGULHAM DISSO.SABER QUE ELES,OS SUL AFRICANOS MUDARAM O RUMO DA HISTORIA.

Denise disse...

Bom, Diogo. O que eu quis dizer não foi que a África do Sul não tem turismo. O que eu vi de retorno na mídia (e sim, ainda não conheci o país e por isso mesmo disse que quero ver de perto quando chegar lá para poder comprovar)foram pessoas falando que após o final da Copa esse turismo não ia aumentar muito.
Quanto ao apartheid, mais uma vez me baseio em relatos de pessoas que moram lá e que falam que essa presença da segregação infelizmente ainda é muito forte. Não que o fim do regime não tenha significado nada, mas ainda é uma coisa que não foi totalmente superada.

Tz, obrigada pela dica. Vou procurar pelos vídeos sim.